Bem, depois de tanta teorificação poetificada, hoje decidi escrever sobre uma dicotomia que abarca toda uma pletora de cidadãos e idiotas armados em cidadãos.
Falo de amor/habituação.
Todos nós sabemos que amamos as pessoas da nossa família - e digo todos porque eu sei e como eu sei, quem quiser saber sabe, quem não quiser saber, lixa-se porque eu mando aqui e acabou a conversa - e amamos outras pessoas, ao longo da nossa vida, fora da nossa família.
Há, de facto, imensas pessoas que dizemos amar, mas por quantas dessas daríamos a vida? E atrás desse "amor" o que é que vem?
Parte-se do pressuposto que se ama tendo por detrás amizade, habituação, carinho, gratidão, sex urge. E então?
Houve alguém que disse algures: "O que é o amor? E o que é que significa? Querer alguém como te quero? Amar-te com a própria vida?"
Certo, tudo certo. Mas então é possível amar sem nos darmos por esse alguém?
É óbvio que a resposta não é certa, mas cinjo-me ao que sei sobre estas merdas, o que digamos, não é pouco.
Na minha opinião amamos todos aqueles que possamos amar sem que nos habituemos ao seu amor. Isto é, que nos façam falta quando não estão, independentemente de querermos abraçar e dizer "És o meu melhor amigo" ou morder a orelha e murmurar "Papava-te isso tudo, $#%&/%&$#"$".
Amamos todos aqueles que trucidariam o nosso mundo se partissem dele. Amamos todos aqueles que amamos, independentemente de sabermos se nos amam ou não.
E será isso importante? Precisaremos de correspondência para amar alguém?
Conseguiremos, até que ponto, forçarmo-nos a "amar" alguém?
A mente humana é, de todas as mais perversas armas de submissão psicológica, a mais potente. É, no entanto, a mais débil e com mais pontos fracos.
Resta-nos a ignorância. Sabemos quando amamos ou quando julgamos amar. Isso chega-me, pelo menos.
Partindo então da premissa inválida, IMO, de que "não há amor como o primeiro", como disse o poeta, "que fazer quando tudo arde"?
Fugimos, quando esse amor foge? Morremos, quando esse amor morre?
Foda-se, continuamos.
E porquê? Porque, de entre todas as pessoas neste mundo, existe sempre uma melhor do que nós.
Existe sempre outra que nos leva a um mundo que não sonhamos.
Existimos sempre nós, diferentes ou não.
E o mundo inteiro lá fora.
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