Omnipotente, omnipresente, omnívoro

quinta-feira, 14 de maio de 2009 às 00:00
De todas as criaturas que podiam eventualmente postar, começar, adequar, apresentar, iniciar e todas as porras de verbos que acabam em "-ar", calhou, de entre todas, a menos adequada a fazê-lo.

Pois bem, sou um convicto explícito e explicitamente certo de ser arrogante como a água é transparente - E aqui refiro-me, obviamente, à água não-porca.

A displicência de viver cada vez mais em algo que ajudei a criar e a manter, isto é, o mundo em que vivemos, dá-me vontade de berrar do fundo dos meus pulmões algo profano e correr desnudo aí pela rua fora. Mas a verdade é que, apesar de tudo, ainda não legalizaram isso e nem devem legalizar tão cedo. Resta-me assim, do fundo do meu desprezo, recorrer ao raio da blogosfera que, por motivos diversos, nem é uma esfera, para descarregar a minha frustração emocional.

É óbvio que existem cada vez menos lugares bonitos e pessoas simpáticas. É óbvio que a cada dia que passa derrete meio metro de calote polar e morrem trinta mil quilos de urso polar... - Sim, porque nem tudo o que é vermelho vem da vaca.

É ainda mais óbvio que ninguém, excepto eu, é perfeito. Toda a gente faz, com todas as letras, merda da grossa, mas nem toda a gente sabe chegar-se à frente e admitir.

É tanto mais fácil para nós agir como se nada fosse connosco e que o vizinho de lado é que sofre dito, daquilo e daquel'outro, é que tem amigos malucos e primos e tias e sobrinhos e enteados - e enfiados - e padrinhos e pais e mães e avós e avôs malucos.

Pois bem, tendemos sempre a um infinito de cores e rodopios fúteis em que apenas fugimos de nós próprios durante um segundo contemplativo. E é aqui que eu entro. Eu nunca contemplo...

Quer dizer, de tudo o que sei e ainda mais do que poderia saber, como onomasticamente perfeitamente se denomina o antro da minha baboseira, existem fronteiras que todos sabemos estar fechadas ao comum dos mortais.

Prazer extremo, Dor suave, Imortalidade.

Restam-nos milhares de sentimentos, é verdade. Vivemos para sermos destruídos, "porque somos pó, e ao pó retornamos".

Será que podemos realmente fazer algo de útil das nossas vidas?

Existirão realmente legados imortais?

Já dizia o sábio "À vaincre sans peril, on triomphe sans gloire".

Eu prefiro não correr riscos e não triunfar.

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