Era uma vez o homem que fala demais.
Falava tanto que falava quando estava triste e quando estava feliz; falava quando estava acompanhado e falava na mesma quando estava sozinho; falava quando chovia e falava também quando fazia sol.
O homem que falava demais era uma pessoa simples e afável: só tinha esse defeito de falar demais.
Era uma vez uma menina que falava demenos. E o homem que falava demais viu a rapariga que falava demenos.
Abraçou-a em silêncio e chorou baixinho.
A menina que falava demenos não disse nada, e mesmo assim o homem que falava demais falou e falou e falou.
Ao chegar a noite, o homem que falava demais largou finalmente a menina que falava demenos e disse-lhe: "Sabes, aposto que por falar demenos, sempre que dizes algo, esse algo é bonito como a tua face, bondoso como a tua alma e perfeito como os teus cabelos."
E a menina que falava demenos suspirou.
No dia seguinte, o homem que falava demais encontrou-se com a menina que falava demenos.
A menina que falava demenos abriu a boca mas não saiu nenhuma palavra.
O homem que falava demais gemeu: "Que tens tu?"
E então a menina que falava demenos respondeu, finalmente. "Adeus".
O homem que falava demais caiu, novamente, fulminado pelo seu destino. Falara demais.
Agora é ele quem fala demenos.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Obrigada pelos teus dois comentários :) gostei deste post... fez me pensar...
Gosto que leiam o que escrevo com atitude crítica.
Afinal, espero influenciar alguém com o que debito.
Espero que sigas :)
Gostei dos teus.
Preocupo-me também com aquelas problemáticas.
É sempre complicado descobrir um meio termo em tudo.
A fala, não passa de um deles.
Talvez.
Redundante, ainda assim?